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terça-feira, 16 de junho de 2009

Banco, Porsches e vinhos.


Brasília/DF, 12/06/2009, 10:55.

Estava eu numa quadra da Lago Sul esperando a agência do Itaú (na qual nunca pisei apesar de ter a conta há 2 anos) abrir. Ah, aqui em (BSB) Brasilia os bancos abrem às 11:00 - claro que isso me irrita!!
Na quadra em questão há uma revendedora de Porsches usados, naquele dia com fantásticas 3 unidades à venda. Quando passei em frente dois potenciais clientes (ou assessores deles) avaliavam os carros.
Estou lá no estacionamento do banco quando escuto um motor de Porsche. Incrível como o som é único. Até eu que (sou menina) nem me ligo muito nisso identifico... Se bem que fica fácil sabendo que havia 3 modelos por ali. Será que os caras pediram para fazer um Test Drive??
Claro que não...
Esse carro da foto era o QUARTO da quadra. E não estava a venda. O dono dele parou ali, numa sexta feira, dez para as onze da manhã, para comprar um vinhozinho numa importadora. 

Brasília deixa a gente chato quando é paulista.

Ninguém aqui é de família tradicional dessas de deixar herança. Não há grandes empresas aqui, portanto nem grandes empresários. Quase todo mundo aqui é funcionário do governo, até eu!!
Juro... Por mais (otária) politicamente boba que eu seja, eu pensei: esse cara roubou dinheiro do povo para comprar esse carro. Não tem como. Se não ele estaria trabalhando numa hora dessas.

E eu aqui pagando o IRPF.

domingo, 10 de maio de 2009

Os mortos por falta de hospitais.


"(...) Vamos celebrar

A estupidez do povo

Nossa polícia e televisão

Vamos celebrar nosso governo

E nosso estado que não é nação...

Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião...

Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade...

Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta
De hospitais...

(...)"

08/05/2009

Luciana Heloá, 7 meses de vida.
Mais uma vítima do total descaso da política aos moradores do entorno do Distrito Federal.
Moradora de Águas Lindas de Goiás.
Foi ao PS no DF pois não mamava há dois dias e estava cansada.
Descobriu um problema cardíaco até então desconhecido pela mãe.
Entrou na fila por uma vaga de UTI.
Morreu 6 horas depois de fazer essa radiografia, em ventilação mecânica na observação de um PS de um hospital primário.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Um grande bolo de casamento branco e sem recheio.


"Eu sou surfista do Lago Paranoá
É meio dia e eu vejo a seca castigar
15% é a umidade relativa do ar
Eu vou a clube a fim de me refrescar
Mas sinto falta de uma maré pra me levar
Aí eu vejo a piscina de ondas funcionar
E na TV surf brazuca arrebentar
Eu logo tiro uma conclusão elementar
Vou comprar uma prancha pra no mundo do surf me
integrar"
(Natiruts)



Brasília não é tão ruim assim, coitada.

É uma cidade grande, tem trânsito, tem até metrô (todos em SP se surpreendem com essa!!). Tenta ser arrumadinha. Monumentos, mastros, bandeiras por toda parte. Tudo pintado, a maioria de branco: Catedral Metropolitana, o Teatro Nacional, o Congresso Nacional, a Igrejinha do Niemeyer, a Biblioteca, a Bolota Branca Irritante do Niemeyer em que nunca conseguimos entrar. Tudo branco, limpo, sem pixações.
Quilômetros e quilômetros de gramados que ficam lindos na época das chuvas... Do Google Earth dá pra ver as trilhas das pessoas que cruzam os gramados. Será que ninguém pensou que pessoas andariam por ali?! Com certeza não.
Também não pensaram que as pessoas iam querer ter condicionadores de ar... E que os modelos desses aparelhos mudariam através dos tempos. Cada prédio dos ministérios tem dezenas deles. Cada um de um tipo, de uma cor. Cada um colocado num lugar, estragando a chata simetria de tudo. Bem feito.

Grandes avenidas de muitas pistas para poucos carros. Grandes avenidas de poucas pistas para todos os outros.

O Parque da Cidade. Lugar inacreditavelmente enorme bem no meio da cidade. E o mais bizarro: com avenidas dentro. Voce pode chegar no Eixo Monumental pasando por fora ou por dentro dele. Dizem que foi lá que o Eduardo e a Mônica se encontraram aquela vez. Mas isso é outra história. Importa é que foi lá que a Sophia conheceu o primeiro carrapato.

Confesso que, paulista que sou, cheguei com um certo preconceito. Política, deputados picaretas, Lula, Casa da Dinda, índio queimado, adolescentes se matando. Mas apesar de tudo ela bonita. Bem bonita. Bonita mesmo.
Pena que não tem os paulistas, os paulistanos, e pena que fica tão longe.

Brasília é uma coisa parecida um bolo enorme, daqueles de casamento, com uns cinco andares, todo decorado em pasta americana branca. Lindo para aparecer nas fotos... Até você descobrir que é oco por dentro.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Passagem só de ida.


"As luzes e o colorido
Que você vê agora
Nas ruas por onde anda
Na casa onde mora

Você olha tudo e nada
Lhe faz ficar contente
Você só deseja agora
Voltar pra sua gente"
Roberto Carlos


Sou paulista, mas moro em Brasília.


Na verdade sou do interior, de Campinas. Mas moro em Brasília.


Eu estou aqui. Meu marido está aqui. Minhas cachorras estão aqui. Praticamente tudo o mais que importa ficou lá.


Moro aqui há exatos 2 anos e dois meses. Mais precisamente desde 28/02/2007, dia em que utilizei uma passagem só de ida e sequei as lágrimas em guardanapos timbrados da Gol (muitos deles, graças a uma aeromoça que rapidamente percebeu o meu drama).


Acredite: contei todos esses dias.

Desde que foram embaladas no apartamento campineiro da Chácara Primavera, nossas coisas já fizeram 5 mudanças. A última, em 08 de março de 2008, para o tão esperado apartamento, é para ser a última em muito tempo. Mas ainda temos um quarto com caixas cheias, que nunca foram totalmente esvaziadas. Talvez uma vontade... lá no fundo... mas não tão escondida assim... de juntar tudo de novo e voltar pra casa. Sem olhar pra trás.

Cheguei. Não sei mais quando vou embora.