Assim que descobri a
gestação, com 4 semanas e um dia, dois gineco/obstetras que trabalham comigo,
em conversas rápidas de corredor, me proibiram de nadar até a 12a semana. Por
coincidência já tinha uma consulta marcada com outro médico (horrível)
que acabou reforçando a proibição.
Já havia lido sobre isso na
época do aborto (leia aqui) e sabia que eles estavam um pouco errados, mas na posição de paciente eu não podia questionar.
Fui até a academia levar o atestado, comuniquei o professor e chorei ali mesmo. Já não
bastava todo o medo de tudo (leia aqui), ainda estavam proibindo a minha terapia.
Com 9 semanas, quando iniciei o pré-natal com o obstetra que me acompanharia (assunto para outro
post!), ele imediatamente me liberou para nadar. Lindo!! No dia seguinte, eu
estava na piscina.
Basicamente, se a mulher
sempre foi sedentária, não pode querer se transformar numa atleta durante a
gravidez, certo? Porém, se a mulher já tem na sua rotina uma prática esportiva
de baixo impacto, pode (E DEVE!!!) continuar. Ainda mais no meu caso, com excesso
de peso e tendência a engordar. Foi isso
que li nas minhas buscas e ouvi do professor-doutor-meu-obstetra. E tem mais: nada de ginastiquinha aquática molinha de gestantes. Pode nadar de verdade!! “O feto que está bem implantado não escorrega. Já o feto
que não é viável não vinga mesmo que a mulher permaneça em absoluto repouso”.
Recebi uma super orientação do
Marcus (leia aqui), o querido professor: estavam proibidos o nado borboleta (meu preferido)
por forçar o abdomen e peito (quando a barriga começasse a pesar um pouco) por
forçar o quadril, as viradas olímpicas, além de subidas e descidas sem o auxílio
da escada. Achei justo. As séries no início seriam mais curtas, sempre com
controle da frequência cardiaca, que não
deveria ultrapassar 140 bpm. Evitaríamos o uso de palmar. Tudo muito coerente.
Estou certa de que a natação
contribuiu demais para a minha sanidade mental, para eu aguentar meu cargo de
gerente na SES/DF até o último dia e para que eu não
tivesse quase nada de edema, mesmo no final da gravidez. Às vezes eu começava a
segunda feira um pouco inchada, mas era só nadar e já voltava ao normal.
Toda mulher, para o seu
próprio bem, deveria poder questionar essas proibições que se transmitem entre
as gerações (incluindo as de médicos) e acabam virando leis que vão contra a
literatura científica mais atualizada. Infelizmente nem todas tem o
conhecimento (e disposição) que eu tive para procurar um atendimento pré-natal
coerente e atualizado. A história da minha gravidez teria sido outra se eu
tivesse abandonado a piscina.
Meu filho nasceu num sábado.
Nadamos três vezes por semana até a quarta feira anterior ao parto. Quanto
orgulho eu tenho disso!