Um dia desses li uma frase mais ou menos assim:
“Quer saber quantos amigos você tem, ofereça uma festa. Quer
saber a qualidade deles, fique doente.”
Eu fiquei doente.
Em meio a toda a empolgação com a natação e uma nova viagem
à Selva Amazônica (Ariaú - como eu amo!!), onde já haviamos estado em 2008, descobri que
estava gravida. Vou poupar-me dos detalhes.
Tentávamos (sem neuras) há pouco mais de um ano.
Então, em 22 de março de 2011, eu sofri um aborto
espontâneo.
Acordei com sangramento. Era MUITO sangue. Como médica, ali
eu já tive a certeza de que aquela gestação não evoluiria. Mas a certeza foi só
minha. Ainda havia no US a imagem de um saco gestacional pequeno para o tempo
de amenorréia e isso bastou para que os que não me ouviam ficassem repetindo “calma,
vai dar tudo certo”. COISA MAIS IRRITANTE. Não sou pessimista como meu
marido, mas nesse caso a questão era ser realista.
Me fechei em casa com o marido, as cachorras e algumas
ligações de familiares. E só. Chorei como nunca, todos os dias. Quase fiz um
bexigoma de tanto que evitava ir ao banheiro encontrar todo aquele sangue. Ao
invés de fazer o repouso, no terceiro dia de MUITO sangue saí andando sozinha e
atravessei o bairro pra ver se acabava logo com aquilo. Era como se tivesse um
tumor. Nesse momento, como mágica, a melhor amiga ligou. Alguém lá em cima gosta
muito de mim para eu merecer a amizade da Mariana.
A família do marido nem ficou sabendo (ou teriam me indicado
a cura para todos os males: Rivotril) para evitar o drama desnecessário.
Nenhum dos novos amigos brasilienses que haviamos feito até
então apareceu, nem pra notar o meu sumiço. Ah, mas se marcássemos um churrasco…
Então o mais curioso aconteceu. De vez em quando eu entrava
no Youtube para escutar uma música triste (tipo essa) e compartilhava no Facebook com
alguma frase reticente tipo essa:
Parecem um bocado de bocas se abrindo e fechando
Sem ninguém pra dublar"
Claro que eu estava pedindo ajuda. Só não percebia quem não queria.
Então um a um eles começaram a aparecer. Quem? Os
paulistas!!! Mesmo os menos chegados perceberam que algo de ruim estava
acontecendo, e me ligaram, um a um…
“Ju, está acontecendo alguma coisa?”.
- Sim,
está, e eu estou sofrendo e eu preciso falar e chorar e ninguém aqui é amigo de
quem está chorando.
Exceção para a querida amiga Marisa, paulista de Bauru mas
morando aqui, que foi a única que me ofereceu um ombro para chorar,
literalmente. Te amo, querida! E a Pequena Rita, que me ligou lá de Floripa
exatamente no dia dos acontecimentos. Feelings…
O episódio foi muito, mas muito triste mesmo. Aquelas coisas
que a gente sabe que acontece, sabe que acontece muito, mas inconscientemente não
sabe que pode acontecer com a gente. E
acontecer numa terra estranha, de amizades superficiais e gente que foge de
vínculos, longe da família… é pior ainda.
Serviu pra ver que quem realmente gosta da gente está mesmo
lá para os lados de Campinas, e a partir daí foi para manter a amizade deles
que essa pessoa que vos escreve canalizou todos os seus esforços.
Enquanto escrevo olho meu filho lutando contra o sono no carrinho
ao meu lado… Mas essa é outra história, que tinha que ser precedida dessa triste
aí de cima.
é porque eu só soube depois, mas eu estaria do seu lado <3, eu estou e estarei
ResponderExcluirEu lembro quando te contei, nos conhecíamos muito pouco na época. Hoje tenho certeza que vc estaria comigo!
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